Anualmente, lá estou eu, agendando uma série de consultas e exames periódicos para avaliar como anda minha saúde. Com o passar do tempo, os exames aumentam, novas especialidades de médicos começam a ser consultadas, e enquanto isso, mais e mais tubinhos de sangue são retirados de forma aterrorizante do braço… Brincadeiras à parte, essa rotina anual previne e antecede problemas que poderiam ser maiores ou piores se não fossem identificados anteriormente. Quando falamos em edificações, é possível fazer uma analogia ao corpo humano, pois associação feita com o corpo humano torna-se cada vez mais coerente e recorrente, quanto maior a idade, maior a necessidade de acompanhamento, outros exames complementares são exigidos e mais especialistas começam a ganhar espaço e relevância na tomada de decisões.
Contudo, similar ao que acontece quando surge um sintoma ou problema no corpo humano, consultar uma pessoa qualquer da área, pedindo a ela uma dica, ou fazer uma busca rápida em mecanismos gerais, que não possuem capacitação técnica no assunto, pode ser catastrófico, não é mesmo?! Não vamos a um médico pelo preço da consulta, porém, quando o assunto são edificações, muitos querem achar qualidade, experiência e excelência pagando valores ínfimos, não condizentes ao investimento do profissional. Quanta injustiça, né? Para cuidar da saúde dos nossos corpos precisamos do melhor, mas para cuidar do nosso lar, da nossa morada e refúgio diário, o menor custo supera. Quanta ironia!
Outro questionamentos válidos são: quando você está doente, com dores, ou qualquer sintoma que requeira uma atenção especial, você liga para o médico e pede somente uma dica? Uma opinião? Ou você marca uma consulta e paga por ela? E se no momento da consulta, o exame clínico não for suficiente para um diagnóstico, o médico solicitará alguns exames, não é assim que se procede?
Novamente, com relação à construção, por que surge espanto quando um engenheiro pede alguns ensaios para determinar um diagnóstico? Afinal, diferente de nós humanos, a estrutura ou os diversos sistemas construtivos não têm boca para falar o que estão sentindo, e, às vezes, os sintomas mais aparentes podem direcionar diferentes diagnósticos, sendo imprescindível um exame mais aprofundado para a determinação assertiva da terapia a ser implementada. E quando é preciso um procedimento mais gradual, como um médico conduz um tratamento? Geralmente, ele receita um remédio, e pede retorno do paciente, caso os sintomas não sejam sanados. Do mesmo modo, como são conduzidos as terapias nos edifícios? O parâmetro é o custo ou o quanto o problema está afetando a parte interna do apartamento?
A falta de prioridade, periodicidade e de uma boa engenharia interfere diretamente na durabilidade, e por consequência, na vida útil da edificação.
Uma correlação justa seria falar que por escolha própria, você pode estar com a saúde de uma pessoa 70 anos, apesar de constar no documento de identidade que você tem apenas 18 anos. Isso ocorre, muitas vezes, pela falta de cuidados ou de ―manutenção‖ em se tratando de edifícios. Feita essa escolha, para recuperar o tempo perdido posteriormente… sinto lhe informar, mas nem o melhor especialista faz com que o tempo volte. Com base nessas reflexões, toda edificação, seja ela constituída por carne e osso, seja por tijolos e vigas, necessita de acompanhamento periódico em busca de uma vivência útil, próspera e de qualidade. O uso de reparos ―gambiarrísiticos‖, ou nesse caso, de medicamentos paliativos e rápidos, a longo prazo, geram consequências a essa estrutura, podendo interferir no funcionamento de outros órgãos ou componentes, gerando problemas severos. Por isso, em caso de sintomas adversos, e não somente na presença deles, mas sobretudo, como medida preventiva, consulte, anualmente, um médico especialista ou um engenheiro manutencista mais perto de você.