Ao longo dos anos, a engenharia foi passando por muitas alterações, tanto nos materiais aplicados, quanto nas revisões normativas, assim como nos métodos de execução. Sendo assim, tratar uma edificação antiga seguindo os mesmos parâmetros das edificações novas pode decorrer no erro da terapia ou no método corretivo aplicado. Em princípio, como é comum o comparativo entre a engenharia diagnóstica e a medicina, aproveitamos essa mesma lógica para relacionar os profissionais e seus públicos. Assim como existe o profissional que atua com crianças — pediatra — há também os profissionais que atuam com os idosos —geriatras—, de maneira análoga, na área de engenharia, os profissionais se qualificam e tomam prática de uma especialidade, cada qual desenvolvendo seus estudos, sobretudo, pelo fato de que cada organismo, ao passo que, cada estrutura tem as suas necessidades, não cabendo, englobar tudo em um mesmo ―pacote‖ ou em um mesmo padrão de medicação e tratamento. Sem desconsiderar, ainda, a importância da atividade em campo, ou ―a residência‖ para a medicina, etapa fundamental para aquisição de diversas experiências e para o levantamento das causas. Posto isso, as edificações novas e as edificações antigas possuem princípios construtivos diferentes. Uma edificação antiga muitas vezes não vai se enquadrar em normas técnicas atuais, mas isso quer dizer que estão erradas? Não!
Quer dizer apenas que os processos construtivos passaram por revisões e melhorias, não invalidando os métodos anteriores.
Dessa forma, como tratar uma edificação sendo que o procedimento construtivo aplicado no passado não se enquadra à nova engenharia? Como resposta ao questionamento, é necessário estudar o método executivo anteriormente utilizado, as diferenças entre as normas, entender todas as minúcias que envolvem os produtos e materiais, e projetar, de modo que a interface entre novo x antigo não resulte em novas anomalias. Em prédios novos, o levantamento das informações é mais simplificado – muitas vezes – visto que houve poucas alterações de gestão e administração interna, então, a busca por documentos tem um caminho menor. No entanto, quando a edificação é antiga, quase todos os documentos se perderam, os históricos construtivos são escassos, assim como a busca das informações, posto isso, a investigação será mais aprofundada, necessitando, muitas vezes, de ensaios complementares. Quando se estuda sobre as manifestações patológicas que podem acometer uma edificação, o uso de trabalhos e textos para embasamento – com os devidos créditos – é uma parte importante do trabalho técnico, contudo, somente com isso não será possível construir uma terapia adequada e definitiva. É fulcral, ainda, compreender a fundo sobre a edificação, os seus princípios construtivos, o seu comportamento sob o efeito dos processos naturais, durante o dia, à noite, com chuvas, ventos, observando o seu uso e até mesmo seus métodos de manutenção ao longo dos anos, assim, essas etapas implicarão subsídios importantes para elaboração e apresentação de um bom diagnóstico. Para muitos, a engenharia é uma receita de bolo, mas minha ótica é bem diferente. A engenharia, assim como a medicina é um compilado aprofundado de estudos, análises de comportamentos dos materiais, avaliação de normas vigentes ou não, e ainda, uma comprovação da efetividade por meio de monitoramento e ensaios laboratoriais. Diferentemente da mistura de bolo que se der errado pode fazê-lo murchar, o gosto pode não estar tão bom, ou virar uma ―maçaroca‖ de massa; na engenharia, teremos a perda de matéria prima, implicação de custos altíssimos, risco à vida e à saúde dos habitantes e dos transeuntes (a depender do sistema em que a correção foi aplicada). Como se vê, a busca pelo diagnóstico compreende um percurso com etapas diversas, que vão desde à consulta de materiais teóricos por meio de artigos e pesquisas transmitidos pela universidade e até os saberes que lhe sobressaem, sendo necessária a compreensão e análise das características evidentes da edificação, sendo ela antiga ou recente e as especificações implicadas, bem como a prática em campo, comparando dados e realizando testes e ensaios.